Porquê esta conto?
Sendo um conto do
conhecimento global, a sua interpretação está longe de ser uma realidade, com
esta publicação do texto integral, a partir de uma tradução (com tudo o que
implica a tradução) do original.
Talvez há mais de duas décadas,
quando comecei a abordar este conto e outros clássicos com os alunos em sede de
turma primeiro e posteriormente em bibliotecas escolares, deparei-me com uma
realidade que, ao alertar para..., foi uma descoberta para os alunos: aversão
deles não era a versão do original. A versão deles era, na larguíssima maioria,
era a da Disney, que para além de suprimir certa partes dos contos, realça
outros, por vezes quase sem significância, passando também por “resumos muito
livres” o seu conteúdo.
As Aventuras de Pinóquio – História de um Boneco, é conhecida por: quem mente, por cada mentira o
nariz cresce, será esse o essencial do conteúdo do conto? Ou será uma
interpretação superficial, linear, de interesse...?
Quantos de nós, leitores,
conhece quem escreveu, quando, onde e como foi publicado?
A isso é fácil de responder de forma ordenada:
Carlo Collodi, em 1881, num semanário italiano, por capítulos, todas as
semanas, conforme é referenciado, em baixo, no Posfácio de Ítalo Calvino, desta
edição comemorativa na altura do centenário de Pinóquio.
Numa
conferência na F. C. Gulbenkian, Alberto Mangual, explanou uma intervenção/dissertação,
com o título “Como Pinónio aprendeu a ler”. Mais tarde, tive a oportunidade de
ler e reler essa intervenção, numa edição com o título: Pinnocchio & Robinson – pour une éthique de la lectura (L’Escampette Éditions - Essai,
não traduzida para português, pelo menos que eu tenha conhecimento),... comprometeu-me a uma reflecção e interesse
pelo tema da leitura e releitura, e cada vez que volta a reler o conto para e com
os alunos, as descobertas são sucedem-se, as minhas e as deles. Foi assim com as
aventuras do bonecos, alguns se reviram-se nas situações, descobriram que não
eram mentiras, eram... muita coisa que não são lineares,...
Assim, muita coisa
acontece quando se começa a ler, reler, a interpretar, e por outro lado a
leitura partilhada, o de fazer uma personagem, os diálogos, ora eu, era tu..., o
de fazer de narrador,... prazeres da leitura!
Esta a razão desta publicação, numa altura que atravessamos novos tempos,
e que vá mudar muita coisa...
As aventuras de
Pinóquio
História de um
boneco
Carlo Collodi
Pinóquio tem cento e trinta e nove anos
anos. A frase é estranha. Em dois sentidos: por um lado, não conseguimos
imaginar um Pinóquio centenário; por outro, é natural pensarmos que Pinóquio
sempre existiu; não imaginamos o mundo sem Pinóquio. Contudo, a exatidão
bibliográfica exige que Pinóquio tenha começado a existir ao mesmo tempo que um
novo semanário, o “Giornale per i Bambini (Jornal para as Crianças), dirigido por Ferdinando Martini, que
precisamente no seu primeiro número (Roma,
7 de Julho de 1881), publicou o
primeiro episódio de “A História de um Boneco, de Carlo Collodi.
.../...
Do Posfácio “Mas, Collodi não existe” de Italo Calvino
Tradução
Margarida Piriquito
(com ilustrações de Paula
Rego)
Editora Cavalo de Ferro (1ª
edição – setembro de 2004) Escrito ao abrigo do acordo ortográfico de 1999
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